domingo, 1 de setembro de 2013

O Medo do Medo



(à minha amiga vítima da Síndrome do Pânico)

E agora?
O medo de morrer, os suores frios,
As vertigens, taquicardias,
Os tremores e temores...
Eles se foram.
A morte, para a qual tanto se preparou,
Não veio...
As embalagens de remédio,
As sobras de Florais de Bach,
As orações, os amuletos, as simpatias,
Os cartões de clínicas de emergência,
Os resultados de eletrocardiogramas...
Joga-se tudo fora...

Mas as constantes e repetidas
Despedidas e providências escritas,
A cada momento, que se acreditava ser o último,
Foram todas elas vistas, revistas...
E vão ficar por aí, em alguma gaveta, em busca de sentido.

Ou, quem sabe possam, um dia, vir a ser realmente necessárias?...
( realmente?!)

Talvez, elas fiquem como uma prova de veracidade
Daquilo que se espera um dia acreditar
Ter sido um pesadelo.

Talvez, fiquem como lembrança...

Pode ser que, enquanto tudo acontecia,
Medo e sujeito tenham se tornado cúmplices
E íntimos companheiros....
Sendo assim, sujeito não pode mais viver sem medo!
Mas que medo?
O medo?
O medo de sentir medo?
O medo de não mais saber reconhecer o medo?
O medo de que, com o esquecimento,
Trazido pelo passar dos tempos,
Não se possa mais reconhecer no outro,
Traços daqueles ‘sentires’ um dia sentidos.
Medo de que, para não mais sentir medo,
Tenha-se tornado embrutecido,
E capaz de, como tantos um dia o fizeram,
Banalizar a agonia intermitente
Que é o medo do medo.

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